segunda-feira, 18 de junho de 2012

Tradição x Seca no Nordeste

As festas juninas são festejadas não só no Brasil, mas em várias regiões do mundo. A festa junina foi trazida pelos portugueses ainda durante o período colonial (época em que o Brasil foi colonizado e governado por Portugal). No princípio, a festa era chamada de Joanina, chegando ao Brasil sofreu influência de outras tradições européias. Da França veio a dança marcada, característica típica das danças nobres e que no Brasil, influenciou muito as típicas quadrilhas. Já a tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas.
Mas a festa junina varia conforme o estado brasileiro. Enquanto na maioria das cidades do Sul e do interior as comemorações ainda guardam um aspecto familiar e religioso, em outras grandes cidades e capitais do país elas refletam a identidade cultural entre os Estados. As festas juninas unem tradição, cultural, histórica, além de resgatar os costumes do campo e dos caipiras.
No Nordeste o mês de junho representa um período de festas e fartura, diversas cidades gabam-se de promover "o maior São João do Brasil e do mundo". Em nove Estados da região nordestina como: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, a festa é aguardada com ansiedade e alegria. Pernambuco, Paraíba, Bahia, Sergipe e Maranhão apostam em megaeventos para atrair turistas de todo o país e a gerar postos de trabalho. Cidades como Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), fazem dos festejos juninos um dos principais geradores de emprego e de renda. Juntas, as cidades prevêem a chegada de cerca de 4 milhões de visitantes vindos do interior e de outras partes do Brasil.
Mas este ano, a estiagem prolongada atinge praticamente todo Nordeste que sofre atualmente com a falta de água. Pelo menos 70 cidades do Nodeste do País cancelaram as comemorações das festas juninas devido à seca que atinge a região. Cerca de 800 municípios estão em situação de emergência. Mais de 20 municípios pernambucanos cancelaram suas festividades de São João com objetivo de reverter o dinheiro que seria gasto na festa em ações emergenciais de enfretamento a mais rigorosa estiagem dos últimos 50 anos. A festa foi cancelada em 15 municípios da Paraíba e 13 do Rio Grande do Norte. O evento também foi cancelado em 25 cidades baianas.
Comidas típicas - Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos. Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bombocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais. Mais este ano foi diferente, os transtornos da seca puderam ser sentidos no aumento do preço dos alimentos típicos como milho, amendoim e aipim que se elevaram por conta da dificuldade do plantio o que também favoreceu o cancelamento das festas.
De acordo com o Ministério da Integração Nacional, 525 cidades do Nordeste estão em situação de emergência. Parece até que a natureza também entrou no espírito da Rio+20 obrigando o povo a repensar suas ações, como que a pedir socorro por tanta interferência do Homem nos ecossistemas, fazendo-os lembrar que sem água não haverá plantio, nem colheita, nem comidas típicas, nem o necessário para a sobrevivência humana, e muito menos motivos para "festas"...
 

 Vamos repensar nossas ações, vamos salvar o Planeta enquanto é tempo!



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