"A arte existe porque a vida não basta", diz Ferreira Gullar, que sem dúvida é um dos maiores poetas brasileiros. Com sua poesia simples, inteligente e direta ele cria um novo mundo, dando-lhe um outro sentido. Brincando com as palavras revela uma infinidade de sentimentos, principalmente o de liberdade.
Nascido em São Luis do Maranhão, em 1930, Ferreira Gullar, procurou apontar em sua obra a problemática da vida política e social do homem brasileiro. De uma forma precisa e profundamente poética traçou rumos e participou ativamente das mudanças políticas e sociais brasileiras, o que lhe levou à prisão juntamente com Paulo Francis, Caetano Veloso e Gilberto Gil em 1968 e posteriormente ao exílio em 1971. Poeta, crítico, teatrólogo e intelectual, Ferreira Gullar entra para a história da literatura como um dos maiores expoentes e influenciadores de toda uma geração de artistas dos mais diversos segmentos das artes brasileiras. Publicou seu primeiro livro aos 19 anos, “Um pouco acima do chão”, e em seguida começou a escrever uma poesia em que não havia nada previsto. Ao longo das décadas, a poesia do autor de "A luta corporal", "Dentro da noite veloz" e "Poema sujo", se confirmou tão inconfundível quanto seu nome. Hoje, aos 81 anos, Ferreira Gullar tem sua obra reconhecida dentro e fora do país. O recém-conquistado Prêmio Moacyr Scliar de Literatura já é o terceiro concedido ao seu mais recente livro, Em alguma parte alguma – que levou as categorias Poesia e Livro do Ano no Jabuti de 2011. O poeta admite que viver de poesia não é tarefa das mais simples. “Costumo dizer, de brincadeira, que poesia não vale nada no mercado porque vende pouco. Mas, é importante porque transforma a dor em alegria e o sofrimento em beleza”, afirma. Ao longos dos anos sua poesia ganhou várias definições: engajada, transgressora, vanguardista. Gullar afirma que para escrever poesia, embora a técnica seja necessária ela não é suficiente. Saber fazer não resolve. A poesia nasce de uma coisa a que ele chama de espanto. "É preciso que algo me espante, surpreenda ou atordoe para eu escrever poesia. Neste estado, e só neste estado de espanto, é que o poema consegue nascer".
Nascido em São Luis do Maranhão, em 1930, Ferreira Gullar, procurou apontar em sua obra a problemática da vida política e social do homem brasileiro. De uma forma precisa e profundamente poética traçou rumos e participou ativamente das mudanças políticas e sociais brasileiras, o que lhe levou à prisão juntamente com Paulo Francis, Caetano Veloso e Gilberto Gil em 1968 e posteriormente ao exílio em 1971. Poeta, crítico, teatrólogo e intelectual, Ferreira Gullar entra para a história da literatura como um dos maiores expoentes e influenciadores de toda uma geração de artistas dos mais diversos segmentos das artes brasileiras. Publicou seu primeiro livro aos 19 anos, “Um pouco acima do chão”, e em seguida começou a escrever uma poesia em que não havia nada previsto. Ao longo das décadas, a poesia do autor de "A luta corporal", "Dentro da noite veloz" e "Poema sujo", se confirmou tão inconfundível quanto seu nome. Hoje, aos 81 anos, Ferreira Gullar tem sua obra reconhecida dentro e fora do país. O recém-conquistado Prêmio Moacyr Scliar de Literatura já é o terceiro concedido ao seu mais recente livro, Em alguma parte alguma – que levou as categorias Poesia e Livro do Ano no Jabuti de 2011. O poeta admite que viver de poesia não é tarefa das mais simples. “Costumo dizer, de brincadeira, que poesia não vale nada no mercado porque vende pouco. Mas, é importante porque transforma a dor em alegria e o sofrimento em beleza”, afirma. Ao longos dos anos sua poesia ganhou várias definições: engajada, transgressora, vanguardista. Gullar afirma que para escrever poesia, embora a técnica seja necessária ela não é suficiente. Saber fazer não resolve. A poesia nasce de uma coisa a que ele chama de espanto. "É preciso que algo me espante, surpreenda ou atordoe para eu escrever poesia. Neste estado, e só neste estado de espanto, é que o poema consegue nascer".
Artes plásticas e literatura
Indagado sobre sua atividade como crítico de arte, Gullar disse que, antes de pensar em ser poeta, queria ser pintor. “Depois a poesia tomou conta, essas coisas a gente não governa. Mas continuo pintando e pensando sobre artes plásticas até hoje. Sobre poesia eu não penso, eu simplesmente faço: a minha poesia nasce do espanto. Qualquer coisa pode espantar um poeta, até um galo cantando no quintal. Arte é uma coisa imprevisível, é descoberta, é uma invenção da vida. E quem diz que fazer poesia é um sofrimento está mentindo: é bom, mesmo quando se escreve sobre uma coisa sofrida. A poesia transfigura as coisas, mesmo quando você está no abismo".
Indagado sobre sua atividade como crítico de arte, Gullar disse que, antes de pensar em ser poeta, queria ser pintor. “Depois a poesia tomou conta, essas coisas a gente não governa. Mas continuo pintando e pensando sobre artes plásticas até hoje. Sobre poesia eu não penso, eu simplesmente faço: a minha poesia nasce do espanto. Qualquer coisa pode espantar um poeta, até um galo cantando no quintal. Arte é uma coisa imprevisível, é descoberta, é uma invenção da vida. E quem diz que fazer poesia é um sofrimento está mentindo: é bom, mesmo quando se escreve sobre uma coisa sofrida. A poesia transfigura as coisas, mesmo quando você está no abismo".
ELOGIO DO ESPANTO
O que me move na vida é o espanto
o instante que se fragmenta em luzes,
como epifania
Ou seria o movimento pânico em que tudo
se transfigura e o mundo é renomeado?
O lugar das coisas é uma ilusão que dá lugar
à expressão "à deriva" e o que era porto torna-se
alto-mar e deste dia em diante não há âncora nem
mensagem na garrafa ou expectativa de resgate
Só quero da arte o que ela tem de espanto e de
incômodo
Meus olhos exaustos de imobilidades brancas
e dias de ontem desejam a surpresa da palavra
o inesperado da tinta que se revolta na tela
contra ela própria
Não me agrada o poema que seja só gramática
e lógica e tenha explicações para a vida
A vida não se explica
No entanto, é preciso exauri-la e trazê-la à tona
como água de um poço e derramá-la pelas bordas
ansiosa por tanto agora
Fonte: Revista
Metáfora Edição 07 – Abril de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário