
Acredito que todos achem que basta ser mulher para estarmos preparadas para ser mães, pois o "instinto maternal" fará todo o resto. Isso não passa de uma utopia, já que ser mãe se aprende na prática, sem que tenhamos feito nenhum curso ou preparação para tal função.
Escutamos desde pequenas a expressão: "mãe que é mãe...". Expressão que abrange uma lista imensa de exigências que sempre definiram a função materna: amor incondicional, dedicação plena, disponibilidade ilimitada, entre outras. Ou seja, referia-se ao que ela tinha que atender e não a quem ela era. A impressão que temos é de que a mulher, ao se tornar mãe, torna-se esquecida como pessoa e só passa a valer o que ela deve ser capaz de fazer. Como se a pessoa desaparecesse e só passasse a existir a mãe. Porém, antes de ser mãe, todas somos pessoas...
Porém sabemos que não é bem assim, apesar do "instinto maternal" que toma conta de nós mulheres desde o momento em que sabemos que estamos gerando uma vida dentro de nós, não nascemos prontas para sermos mães. Somos construídas a partir do modelo dado pela nossa mãe, pelas normas e regras do momento em que vivemos quando nos tornamos mães, pelos valores herdados da nossa família, pelas recomendações do pediatra e também, é claro, pelas amigas e amigas das amigas que vão dando sugestões, opiniões, conselhos, etc.

As crianças se saem muito bem no meio dos amiguinhos, mas a qualquer sinal vamos correndo para socorrê-los se preciso for. E os desafios não acabam assim tão fácil. Quem tem vários filhos sabe que cada um é diferente do outro, as personalidades são muitas vezes opostas e as brigas entre eles também são inevitáveis, além do ciúme entre irmãos. A mãe tem que ser mediadora dos atritos e não "deve" tomar partido.
Chega a fase mais difícil para a grande maioria, a adolescência, quando os filhos preferem estar com os amigos do que com os pais. Querem sair e conhecer o mundo. Não veem os "perigos" que as mães tanto falam. Por serem jovens e inexperientes, acham que todos são amigos, querem viver tudo o que puderem o mais rápido possível...
É nesse momento que nos damos conta de que não somos onipresentes, nem temos superpoderes. É preciso confiarmos no que ensinamos a eles anteriormente, nos valores que lhes foram passados. Devemos lembrar que a tarefa de educar mal começou, pois ainda que eles já se considerem "quase adultos", não passam de crianças crescidas precisando muito da nossa orientação. E o mais importante, não precisam de "sermões", mas sim de diálogo, aliás, haja diálogo, e muita atenção. É preciso que eles saibam que podem confiar nos pais e que possam se abrirem sempre que precisarem, pois nesse momento todo o apoio é fundamental para que eles possam se tornarem aptos a viverem a experiência de crescerem.
Outro dia escutei a Fátima Bernardes falar sobre como se sente sendo mãe de três adolescentes. Ela concluiu dizendo: sinto-me meio abandonada na minha função de mãe, já que eles preferem sair com os amigos do que conosco, os pais. Essa é a realidade mais difícil para nós mães que queremos detê-los junto a nós o maior tempo possível, e gostariamos até que eles nunca crescessem.

Penso que cada mulher, ao se tornar mãe, tentará sempre fazer o "melhor possível", buscará auxílio, esclarecimentos e orientações para dedicar aos seus filhos o melhor de si. Este processo nos causa angústia, pois não existe um jeito só, um modelo único a ser seguido. Como dizem por aí...."filho não vem com manual!"
Não podemos esquecer que a criação "educar e cuidar" é um projeto a longo prazo. Neste caminho erros e acertos acontecem. O importante é estarmos sempre atentas, não perder de vista o objetivo final, que no meu entender se resume em deixar como nosso legado filhos capazes de conquistar seu espaço no mundo de forma tranqüila, segura e solidária.

Nenhum comentário:
Postar um comentário