sábado, 25 de agosto de 2012

Cerveja, a preferida do Happy Hour

Não me considero uma conhecedora de cerveja, bebo pouquíssimo e só em ocasiões especiais. Gosto de bebidas suaves e de um bom vinho, principalmente se for servido com uma refeição saborosa. Mas mesmo sem ser expert no assunto "cerveja", aprecio uma geladinha em algumas ocasiões, na praia ou num encontro com os amigos, principalmente no verão.
Quando o assunto é bebida, a cerveja é preferência nacional entre os brasileiros. O Brasil é um dos dez países que mais consomem cerveja do mundo, com 47 litros/ano por pessoa.
A palavra cerveja é derivada do latim cervēsia, que teve sua origem no gaulês, uma língua celta. Praticamente qualquer açúcar ou alimento que contenha amido pode, naturalmente, sofrer fermentação. Assim, bebidas semelhantes à cerveja foram inventadas de forma independente em diversas sociedades em redor do mundo.
Há mais de 10.000 anos, o homem primitivo conheceu o fenômeno da fermentação e obteve, em pequena escala, as primeiras bebidas alcoólicas. A cerveja é a bebida alcoólica mais antiga do mundo, e sua descoberta é creditada aos sumérios. Segundo a lenda, surgiu com o sopro mágico, uma dádiva da deusa Ninkasi, que transformou uma simples mistura de água e cevada no líquido dourado de sabor agradável. Porém, diversos estudos arqueológicos realizados na região do Nilo Azul, atual Sudão, comprovaram que, cerca de 7000 a.C., os povos locais produziam uma bebida a partir de sorgo que seria semelhante à nossa cerveja. A prova arqueológica mais concreta que temos relativamente à produção de cerveja é proveniente da Mesopotâmia, mais propriamente da Suméria. Foram encontradas inscrições feitas numa pedra, relativas a um cereal que se utilizava em algo similar à produção de cerveja. Há evidências de que a prática da cervejaria originou-se na região da nessa região, que assim como no Egito, a cevada cresce em estado selvagem.
No Egito, a cerveja ganhou status de bebida nacional, até com propriedades curativas, especialmente contra picadas de escorpião. Consta que os egípcios gostavam tanto da bebida que seus mortos eram enterrados com algumas jarras cheias de cerveja. A cervejaria mais antiga que se conhece foi descoberta recentemente por arqueólogos no Egito. Ela data de 5400 anos a.C. e produzia vários tipos de cerveja. A cerveja produzida naquela época era bem diferente da de hoje em dia. Era escura, forte e muitas vezes substituía a água, sujeita a todos os tipos de contaminação, causando diversas doenças à população. Na Antiguidade usava-se para a elaboração da cerveja uma variedade imensa de ingredientes para aromatizar o produto, como folhas de pinheiro, cerejas silvestres e variadas ervas. Para regularizar o processo de fabricação da cerveja, o Duque Guilherme IV da Baviera, decretou em 1516 d.C, a Lei da Pureza. Essa lei, a mais antiga e conhecida do mundo, determina que os ingredientes que podem ser usados na fabricação de cerveja são: cevada, lúpulo e água. A levedura de cerveja ainda não era conhecida e, somente mais tarde foi incluída na lei.
Os pioneiros chineses: As primeiras cervejas surgiram na China durante o Neolítico (aprox. 7000 a.C.). Cinco mil anos depois, por volta de 2000 a.C., dois tipos faziam sucesso entre os chineses: a Kin e a Samshu. Na China, na cidade de Jiahum, foram encontrados vasos de barro de 7.000 anos a.C. que continham restos de uma cerveja feita de arroz, mel, espinheiro e uvas.
Tendo sido uma das primeiras bebidas alcoólicas a serem produzidas pelo ser humano, a cerveja é resultado da fermentação alcoólica preparada de mosto de algum cereal maltado. Dentre os maltes, o de cevada é o mais frequente e largamente usado devido ao seu alto conteúdo de enzimas, mas outros cereais maltados ou não maltados são igualmente usados, inclusive: trigo, arroz, aveia, milho e centeio. A introdução do lúpulo foi relativamente recente na sua composição. Acredita-se que tenha sido introduzido apenas há umas poucas centenas de anos atrás. Usa-se a flor do lúpulo para acrescentar um gosto amargo que equilibra a doçura do malte e possui um efeito antibiótico moderado que favorece a atividade da levedura de cerveja.
É a terceira bebida mais consumida no mundo depois da água e do chá, tendo sido produzida a princípio de forma artesanal pelas mulheres, que também estavam encarregadas de fazer o pão. Especula-se que a cerveja, assim como o vinho, tenha sido descoberta acidentalmente, provavelmente fruto da fermentação não induzida de algum cereal, pois afirma-se que a descoberta da cerveja se deu pouco tempo depois do surgimento do pão. Os sumérios e outros povos teriam percebido que a massa do pão, quando molhada, fermentava, ficando ainda melhor. Assim teria aparecido uma espécie primitiva de cerveja, como "pão líquido". Várias vezes repetido e até melhorado, este processo deu origem a um gênero de cerveja que os sumérios consideravam uma “bebida divina”, a qual era, por vezes, oferecida aos seus deuses. E se até o deuses "gostavam", quem dirá nós os "pobres mortais", não é?
Os textos sumérios revelam-nos também a existência de tabernas, geridas por mulheres, locais de divertimento sobretudo masculino, em que se comia e bebia em convívio, o que poderia ser comparado aos dias atuais com o nosso "Happy Hour". Manuscritos antigos da Babilônia e da Suméria mostram que as mulheres cervejeiras tinham grande prestígio, pois eram consideradas como pessoas com poderes quase divinos.
Na Mesopotâmia, a cerveja era tão importante que os grãos eram cobrados como impostos e ela era usada como forma de pagamento: funcionários mais importantes recebiam mais cervejas como gratificação.

O Código de Hammurabi está exposto no Museu do Louvre, em Paris.
O Código de Hammurabi, o sexto rei da Babilônia, exposto atualmente no Museu do Louvre, em Paris, introduziu várias regras relacionadas com a cerveja no seu grande código de leis. Entre essas leis encontrava-se uma que estabelecia uma ração diária de cerveja, ração essa que dependia do estatuto social de cada indivíduo.
 
Os romanos herdaram o conhecimento cervejeiro dos egípcios e, a partir daí, tornaram-se os responsáveis pela sua difusão, levando a bebida aos novos territórios conquistados. Com a queda do Império Romano, a Igreja tomou posse das cervejarias. Em suas peregrinações pela Europa, os monges católicos fundaram instalações capazes de produzir cerveja em grande escala. Apesar de ser considerada menos importante que o vinho, a cerveja evoluiu durante o período grego e romano. Entretanto, em 500 a.C. e no período subseqüente, gregos e romanos deram preferência ao vinho, a bebida dos deuses, tutelada por Baco. A cerveja passou então a ser a bebida das classes menos favorecidas, muito apreciada em regiões sob domínio romano, principalmente pelos germanos e gauleses. E foram os gauleses os primeiros a fabricá-la com malte, isto é, cevada germinada.
A história da cerveja contém muita informação, mas não muito consenso. A cerveja tal como conhecemos hoje, com o aroma e o sabor caracteristicamente amargo do lúpulo, segundo os saxões, foi obra do lendário rei Gambrinus, da região de Flanders, na Holanda. Os saxões afirmam que esse rei, amante da cerveja, aí pelo século XII, foi quem pela primeira vez colocou o lúpulo na cerveja, dando o troque definitivo à lendária bebida que acompanha a humanidade desde os seus primórdios. Entretanto, essa história não é aceita por todos.
Para os Tchecos, a adição do lúpulo aconteceu pela primeira vez em seu país, já que esta planta é natural da Tchecoslováquia. E o sucesso do lúpulo na cerveja foi tão grande que o rei Wenceslau, da Bohemia, instituiu a pena de morte para quem contrabandeasse mudas de lúpulo para fora do reino.
Sendo este um assunto que rende muitas e contraditórias informações, resolví publicá-lo em duas partes para melhor entendimento. Portanto, na postagem seguinte continua a história da cerveja a partir da Idade Média até os dias atuais.  
Au Revoir!

 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário