quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Comemorações dos 100 anos do Bondinho do Pão de Açúcar

Não há quem não se encante, e até mesmo se emocione, com a visão deslumbrante que se tem na chegada ao Rio de Janeiro pelo Aeroporto Santos Dummont. Para os que visitam a cidade pela primeira vez, a maravilhosa paisagem do Pão de Açúcar é uma saudação de boas-vindas, mas para os cariocas, como eu, é motivo de orgulho e alegria por estar de volta à cidade maravilhosa, assim chamada não por acaso.
Marca registrada do Rio de Janeiro, o seu mundialmente famoso bondinho, incorporado à paisagem carioca, completa 100 anos neste sábado, dia 27 de outubro.
Construído, operado e mantido pela Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, o complexo turístico Pão de Açúcar, com 40 milhões de visitantes e título de patrimônio da humanidade pela Unesco, foi criado para o divertimento de milhares de pessoas num local privilegiado pela beleza panorâmica. Como mirante, divide com o Cristo Redentor e a Pedra da Gávea, o ponto de contemplação de uma das vistas mais bonitas da cidade.
A ideia de construir o bondinho surgiu em 1908, durante a comemoração dos 100 anos da abertura dos portos cariocas por Dom João VI. O engenheiro Augusto Ferreira Ramos, antigo sócio do Clube de Engenharia, projetou e construiu um "caminho aéreo" entre os morros da Baía de Guanabara para alavancar o turismo no Rio de Janeiro. Seu projeto visionário era alvo de piadas pelos colegas do Clube de Engenharia, que o chamavam de louco. Ao conseguir capital e apoio do governo, fundou a Cia. Caminho Aéreo Pão de Açúcar, a mesma que administra o bondinho até hoje. Na época, o projeto era bastante ousado. Só existiam dois teleféricos no mundo: o do Monte Ulia, na Espanha, com extensão de 280 metros, e o de Wetterhorn, na Suíça, com 560 metros. O projeto carioca superou os outros dois existentes, com duas linhas que somam 1325 metros.
As obras começaram em 1910 e o empreendimento consumiu mais de dois anos, centenas de operários e dois milhões de contos de réis - uma fortuna. "Como não havia helicópteros, a construção utilizou equipes de alpinistas especialmente treinados, que levavam as peças nas costas, em escaladas perigosas", diz Giuseppe Pellegrini, diretor técnico da Companhia.
O primeiro trecho, ligando a Praia Vermelha ao Morro da Urca, foi inaugurado em 27 de outubro de 1912. O segundo, da Urca ao Pão de Açúcar, foi completado no ano seguinte. Cenário de filmes, o bondinho ilustra a famosa cena de James Bond lutando no "007 contra o foguete da morte".
No início, o bondinho vindo da Alemanha era de madeira, com bancos e cortinas enfeitando as janelas. Era uma aventura, todos a bordo de num bondinho de madeira, muito sensível ao vento, que balançava muito. Pelas frestas do piso, dava para ver o mar lá embaixo, segundo o bisneto do idealizador do teleférico, o engenheiro Octavio Augusto Ramos, de 52 anos, que acompanhou parte das mudanças. Nos anos 60, o modelo não mudou muito, mas ganhou estrutura de metal.
Em 1970, o velho bondinho já não dava conta do intenso tráfego turístico. Por isso, foi construída outra linha, mais segura, com novos cabos, estações e carros, multiplicando por dez a capacidade de transporte. Dessa vez, o bondinho antigo deu uma ajuda considerável como elevador de peças, dispensando o perigoso e extenuante trabalho dos pioneiros alpinistas. A nova linha foi inaugurada em 1972 e, com algumas reformas, continua operando até hoje. Os bondinhos ganharam design exclusivo, em acrílico e policarbonato, que lembra uma bolha ou as formas de um diamante. Ao todo, são quatro que deslizam por 2,17 minutos no trecho de 528 metros da Praia Vermelha ao Morro da Urca, e por mais 2,25 minutos nos 735 metros que levam até o Pão de Açúcar. 
Comemorações:
Para celebrar os 100 anos do Bondinho do Pão de Açúcar, a empresa que tem a concessão do ponto turístico vai realizar uma apresentação especial de Jorge Ben Jor e do DJ Dom Pepe para reviver os áureos tempos do Morro da Urca. Nos anos 80, o local era um dos principais palcos da cena musical do Rio. Lá rolava o Noites Cariocas, sob o comando de Nelson Motta, sempre com a participação de Pepe, que atraía milhares de jovens.
As comemorações incluem exposição sobre a história do bonde. Os Correios e a Casa da Moeda vão lançar, respectivamente, selo especial (quantidade limitada) e 100 moedas de prata para colecionadores, em homenagem aos 100 anos do cartão-postal.
Da Praia Vermelha até o Pão de Açúcar, haverá a “Exposição 100 anos”, com gravuras, vídeos, projeções e imagens de 1908 até hoje, contando a história da cidade e dos bondinhos.
Visitantes poderão escrever o que pretendem para o futuro, pessoal e da cidade, e depositar numa espécie de urna, chamada cápsula do tempo.
A exposição irá de 27 de outubro até o final de março. A companhia pretende usar as mensagens em projeto ainda a ser definido depois que a exposição acabar.




 

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