terça-feira, 2 de abril de 2013

A felicidade não vem num passe de mágica

Viver com os outros é uma arte que requer cuidados. Isso inclui: atenção, uma boa comunicação, e atitudes que devem ser recíprocas. Mas, quando uma das partes não desenvolve os atributos necessários para uma boa convivência, o relacionamento se torna difícil. Como em qualquer outro relacionamento, no casamento não é diferente; para se manter feliz e duradouro, ele requer um compromisso diário com a vontade de fazê-lo dar certo.
Um bom relacionamento se desenvolve quando há confiança, empatia, e respeito entre as pessoas envolvidas. É claro que quando duas pessoas decidem se casar existe confiança entre elas, e se pressupõe também que exista respeito. Mas quanto à empatia? Acredito que assim como o amor, ela seja tão importante quanto os outros valores, e imprescindível para uma união sólida. Empatia é uma palavra de origem grega e corresponde a ter aceitação por algo ou pelos outros. Ser empático é estar aberto para ouvir e conhecer de verdade o parceiro, levando em conta as opiniões dele.
Muitas pessoas, ao falarem sobre casamento têm em mente um compromisso tão chato quanto uma prisão. E, em alguns casos, são mesmo. Quando uma pessoa se casa e fica esperando que tudo funcione como num passe de mágica, sonhando com a parte do "felizes para sempre", revela imaturidade, e só irá colher decepções. As chances de separação aumentam se junto com o compromisso assumido, entram o ciúme exagerado, o machismo do homem que teima em ser o "dono" da esposa, dando "ordens" por considerá-las um "direito" dele como "chefe" da família; e quando, além disso, entram também o desrespeito mútuo, a falta de diálogo, a intolerância e a traição.
É preciso ter em mente que não basta só amar para fazer com que um casamento dê certo. É preciso querer interagir com o outro se colocando no lugar dele, descobrindo as suas necessidades afetivas, e principalmente, aceitando que o outro não é igual em tudo, e que apesar das diferenças de comportamento e ideias, é possível viver em harmonia.
Desenvolver nossas habilidades perceptivas sobre o outro faz com que sejam criadas relações muito mais sinceras, prósperas e de confiança, o que torna o relacionamento duradouro e feliz. Um parceiro que não demonstra empatia pelo outro cria uma sensação de vazio, como se ele não significasse nada de importante para quem ama, como se as suas ideias e emoções não fossem relevantes para a vida em comum.
Lembrei-me de um programa que assisti há poucos dias, quase por acaso, ao mudar o canal da TV,  chamado "The Love School" (A Escola do Amor), na Record. Parei para assistí-lo, a princípio por curiosidade, pois o título é bem sugestivo. Neste programa, o casal Renato e Cristiane Cardoso, aborda temas relacionados aos conflitos conjugais. A partir da experiência deles, que já estão casados há 20 anos, dão conselhos práticos aos casais que vão ao programa, procurando ajuda para os problemas no relacionamento.
Um dos casais, falou da falta de diálogo no casamento deles, e de como isso os levou à separação. Após exporem o problema, chegaram à conclusão de que o orgulho do marido em nunca admitir os erros dele, assim como a falta de comunicação entre os dois era a causa dos conflitos, que culminou na separação. Após um ano separados, o marido procurou a esposa e percebeu o erro dele, o de se achar sempre "o dono da razão". Junto com o apresentador do programa, o marido chegou à conclusão de que seu comportamento era movido pelo "orgulho", pois sendo ele o "homem da casa", achava que devia dar a última palavra em tudo, mesmo estando errado na maioria das vezes.
A exemplo desse casal, se os parceiros não admitirem seus erros e não entrarem num consenso, os dois só teem a perder.
Se as pessoas envolvidas em um relacionamento aceitarem que são diferentes, mas que se "escolheram" pelas qualidades que viram um no outro, irão concluir que é preciso investir todos os dias para que o amor e a admiração que tinham no início, não se acabe. Para isso, é preciso que haja diálogo, pois ele é imprescindível, assim como a respiração é para a vida. Quando existe diálogo o relacionamento supera qualquer coisa.
O relacionamento tende ao fracasso quando as linhas de comunicação não estão abertas. A necessidade de estar sempre com a razão prejudica o diálogo, denota também imaturidade, orgulho, e teimosia. É importantíssimo aprender a ouvir o outro antes de colocarmos nossas próprias opiniões sobre o que estivermos tratando. O ato de ouvir está intimamente relacionado com o cuidado e respeito que se tem pelo parceiro, isso inclui também o respeito às diferenças de ideias . Devemos nos lembrar das características individuais de cada um, entendendo que não somos cópias um do outro, mas sim seres únicos e individualizados; assim, nunca haverá um perdedor e um ganhador, mas uma situação em que ambos saem ganhando.
Um relacionamento feliz é construido no dia a dia, o diálogo e a empatia são fundamentais. Na maioria das vezes o que acreditamos como "certo", é apenas uma questão de ponto de vista, o que depende da experiência de vida de cada um, e também do contexto. Admitir nossos erros é uma questão de inteligência, de querer viver em paz, e até mesmo uma oportunidade de aprender. Aceitar outros pontos de vista abre a nossa percepção e nos ensina a tolerância. A pergunta é sempre a mesma: “Você quer ser feliz ou quer estar sempre com a razão?”.


 
 
 

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