quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer o "arquiteto da sensualidade"


Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares nasceu em 15 de dezembro de 1907, na rua Passos Manuel, no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Poucos dias antes de completar 105 anos de idade, Oscar Niemeyer faleceu ontem, dia 5 de dezembro de 2012, na cidade em que nasceu. Deixou um enorme legado, não só por sua influência na arquitetura moderna, mas também pelo magnífico ser humano que foi.
Considerado o "arquiteto da sensualidade", conforme o jornal francês Le Monde, Oscar Niemeyer já foi eleito o 9º maior gênio vivo e um dos nomes mais importantes da arquitetura mundial.

Em uma carreira de 70 anos projetou mais de 600 obras, vinte delas ainda em execução em vários países. Foi o pioneiro na exploração das possibilidades, sempre surpreendendo a todos com a sua arte. Amante das curvas, o artista que criou um novo movimento na arquitetura, foi um dos mais ousados e inovadores arquitetos dos últimos tempos. Admirado em todo o mundo, recebeu os principais prêmios da área, e permanecerá presente em construções no Brasil e no exterior, além de influenciar novos profissionais.
Formado pela Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro (1934), foi um idealista, mesmo passando por dificuldades financeiras, decide trabalhar sem remuneração no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. Não lhe agradava a arquitetura comercial vigente e viu no escritório de Lúcio Costa uma oportunidade para aprender e praticar uma nova arquitetura. Como estagiário no escritório de Lúcio Costa, integrou em 1936 a equipe de arquitetos que colaborou com Le Corbusier – a grande influência de sua vida – na construção do edifício do Ministério da Educação, hoje Palácio da Cultura, do Rio de Janeiro, um marco da moderna arquitetura brasileira. Em 1938, assinou o seu primeiro trabalho individual, o edifício da Associação Beneficente Obra do Berço, no Rio de Janeiro.


a Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, em Brasília
um dos projetos mais conhecidos de Oscar Niemeyer

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A sua genialidade surpreendeu o Brasil e o mundo com os imprevisíveis e criativos prédios do Conjunto da Pampulha (MG), sempre se superando projetou os edifícios para a cidade de Brasília, entre eles a residência do Presidente (Palácio da Alvorada), o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), a Catedral de Brasília, os prédios dos ministérios, a sede do governo (Palácio do Planalto) além de prédios residencias e comerciais. 
Admirado por suas obras, Niemeyer também é famoso por sua postura política. Devido à sua ligação com o Partido Comunista, foi exilado durante a ditadura militar. Forçado a deixar o país, exilou-se na França. Criou diversos projetos em vários países: Alemanha, Argélia, Cuba, Estados Unidos, França, Inglaterra, Israel, Itália, Líbano, Portugual, Venezuela, cidade de Neguev e Turim. Na França, De Gaulle e Malraux elaboraram uma lei especial para permitir que trabalhasse no país por toda a vida. A Ditadura no Brasil durou 21 anos. Niemeyer retornou ao Brasil no começo dos anos 80, no início da abertura política, quando da anistia dos exilados no governo João Figueiredo.
Entre as mais importantes obras do arquiteto no exterior, destacam-se a Universidade de Constantine e a Mesquita de Argel, na Argélia; a Feira Internacional e Permanente do Líbano; o Centro Cultural de Le Havre-Le Volcan, na França; além do Porto da Música, na Argentina.

Em 1991, aos 84 anos, projetou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói - MAC em um terreno que o próprio escolheu quando andava de carro por Niterói. Considerado uma de suas grandes obras, o projeto do MAC integra a arquitetura com o panorama da Baía de Guanabara, a praia de Icaraí e o relevo do Rio de janeiro. 
Niemeyer deixou seu traço em diversas regiões do Brasil, como o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; os Cieps (Centros Integrados de Educação Pública) e a Passarela do Samba, no Rio de Janeiro; o Memorial da América Latina e o Parque Ibirapuera, em São Paulo; e no Caminho Niemeyer, em Niterói. Também produziu mobílias de design, levando à madeira prensada as curvas que já aplicava ao concreto. Foi um dos pioneiros no design de móveis no Brasil. Projetou o mobiliário do Palácio da Alvorada, o da Sede do Partido Comunista Francês e alguns móveis em parceria com a filha, na década de 1970. Os móveis de Niemeyer foram expostos em diversos museus brasileiros e salões e feiras internacionais.
Apontado como símbolo da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, Oscar Niemeyer dizia-se um apaixonado pela 'vida', acima da 'arquitetura'. E assim resumia a sua paixão: "Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito".

Com toda certeza o céu ficará mais bonito com a presença do ilustre arquiteto Niemeyer, um exemplo de ser humano.


 

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